29 de dezembro de 2012

Letter XXXI

Queria escrever-te um livro. Que pudesses ler e carregar contigo para todo o lado. Queria escrever-te. A ti. Porque palavras não te dão o devido valor.

E eu dou.

28 de dezembro de 2012

Letter XXX

Querida, ainda estás aí ? Tenho saudades tuas. Saudades de te ver desembrulhar os presentes entre fitas e laços. Saudades de te perder em embrulhos e desembrulhar-te alegrias. Ainda estás aí ? Estas cartas são tuas, como as mãos que as escrevem, mas estarás aí para as ler. Não sei de ti, mas sei de mim, o que é uma novidade. Tenho saudades tuas. Do bem que me trazias, do sorriso que dás. Mais um ano que passa e eu não passo sem ti, sem te ter, só para mim. Saudades de te dizer que és o meu Natal. És o meu Natal, e eu tenho saudades tuas, tantas quantas se pode ter. Agora vem, deita-te em mim e passa-te de ano. Para um melhor. Maior. Que as tardes durem vidas e que te beije noite dentro. Sem dinheiro, sem rotinas. Sem tudo o que nos possa distrair. De mim, de ti, de nós. Ainda estás aí ? Tenho saudades tuas. Feliz Natal. Feliz Natal meu amor. 

Tenho saudades tuas.

16 de dezembro de 2012

Letter XXIX

Passo a passo penso que o tempo que passa nos pode passar. Penso que pensas que me posso cansar. Não posso. Penso que posso? Não. Passo sem pensar, passo por isso. Passo a passo vejo que o tempo passa e não posso deixar. Que te sintas só. Que penses que possa, enquanto o tempo passa, cansar. Vou contar-te um segredo. Eu vou cansar-me. Penso que posso dizer-te, agora que passo para ti. Vou cansar-me, talvez mais cedo do que pensas mas não mais cedo do que quero. Vou cansar-me e tudo será melhor depois, penso que posso dizer-te. Pelo menos sei que será tudo mais quente. Quente que posso agora dar-te mas que um dia serás tu. Penso que posso dizer-te. Vou cansar-me. Penso que possas ver agora que o que se passa na tua cabeça, passa a mais. Passo a dizer, passa a pensar menos, beijar mais. Passa para mim. Sabes o que tem a mais? N. Um dia vou cansar-me.

13 de dezembro de 2012

4 de dezembro de 2012

Letter XXVII

O que faz de nós mais que pó se as coisas que fazemos não são mais que poeira ? Hoje acordei a pensar que ninguém saberá de nós daqui a 200 anos. Ninguém saberá o quanto te amei, o quanto te quis, o quanto te soube. Ninguém saberá o meu nome sequer. Mas eu sei o teu. Eu sei o teu e nunca vou deixar que desapareça. Mesmo que a minha voz não chegue muito longe e eu vou gritar o teu nome, e vou semeá-lo no vento e na chuva. E a chuva vai cair, e bater nas janelas, como que sussurrando por ti. E talvez não oiçam, mas sintam este calor que sinto no peito, como uma luz que se vem aninhar a meu lado, e que fica comigo, por bem mais que dois séculos ou o que o homem pode contar. Eu conheço-te desde sempre. Conheci-te antes do mundo se perder em vícios e medos, antes deste escuro que nos engole cair sobre nós. Eu não me vou esquecer de ti. Mesmo que viva mais um milhão de anos. Se somos do tamanho daquilo que vemos nesta sociedade de promiscuidades e pequenos valores, eu sou gigante. Por te ver em mim e deixar-me seguir em ti, ao sabor do teu corpo que me embala e atrai. Nesta sensual cumplicidade que me faz querer fazer de ti a pessoa mais feliz do mundo. E então tu sorris, o mundo pára e eu sei o que sou. Pó. Deixo-me poisar na tua face e desejo que não me sacudas, que me deixes ficar mesmo que só segundos, porque em ti, contigo, vi o mundo valer a pena. Em ti, contigo, fiz do mundo uma pequena pena. Que ponho no teu cabelo enquanto as tintas te cobrem a cara numa maquilhagem que tenta esconder o que não podes esconder. Porque tu brilhas debaixo do mais pesado dos lençóis.

 Porque tu és tu, e ninguém pode competir com isso.