10 de novembro de 2013

Por favor lê-me

Escrevo na esperança que ainda estejas por aí. Que ainda me leias, mesmo que escreva pouco. Não penses que me faltam as palavras. O que me falta és tu.
Há uma coisa que hoje temo tenha ficado por explicar. Não que não tenha tentado, mas que não tenhas percebido. Eu nunca te poderia ter trocado. Por quem fosse. Como se tu pudesses ser substituída, tu que sempre foste a luz que me arrancava da cama. Chegavas de mansinho, e entravas pela menor das frestas, depois deixavas-te cair sobre mim e iluminavas-me a vida. Para ti eram palavras. Palavras doces em que sonhavas acreditar. Mas eras traída, pelo tempo e a dor, as cicatrizes rasgavam-te a alma, em seis mil pedaços que vi espalhados pelo meu chão. Todas as noites me ajoelhei e procurei por ti, debaixo da cama, debaixo do mundo. Todos os dias te sentei na borda da mesa e te colei os pedacinhos que faltavam, como se tu precisasses ser corrigida. Salvaste-me a vida enquanto pensava cuidar de ti. Todas as noites te deitei e deixei que dormisses, nessa paz tão tua. Há uma coisa que nunca acreditaste. Eu estava contigo porque queria. Sempre. Hoje estás-me no sangue, és parte de cada passo e marcas-me a vida. Estás sempre comigo, e tenho a sorte de poder olhar para ti. Deixo-me ficar e vejo-te. Ser e existir e isso basta-me. Para viver. Enquanto estiveres comigo está tudo bem. Enquanto existires, mais nada existe. Se deixares de existir, mais nada existo. Só quero que saibas que foste, e és, a melhor coisa que sei, e a única que consegui aprender. Como uma melodia que te faz dançar  a alma. O rumba, o tango, tu. Porque tu és tudo.


Escrevo na esperança que ainda estejas por aí. Que ainda me leias, mesmo que escreva pouco. Não penses que me faltam as palavras. O que me falta és tu.

28 de outubro de 2013

Nunca me esqueço de ti

Passo o meu dia a pensar em ti.Só espero que saibas o peso que tu tens para mim. Não quando voas pelos meus braços mas quando cais em mim. E em mim tu ficas. Como se não precisasses de outro corpo. Toma este corpo que é teu e leva-me deste lugar que não quero. Porque tudo o que quero és tu. E só tu és bem mais do que mereço.

20 de setembro de 2013

O que faz de ti mais que tudo ?

Deixa-me que te escreva o corpo como me escreves nele. Deixa-me que te diga, tens valido bem a pena. Pergunto-me se sabes o quanto vales ou se o vales sem saber, se o valerias se soubesses. Talvez a magia te passe ao lado ou só sejas mágica para mim.Talvez sejas. Talvez te exagere. mas era capaz de jurar que tinhas mais de três metros de altura. Pelo menos ainda hoje de manhã. Ou já era tarde ? Não mo lembro, mas lembro-te de mim. Lembro-me que ninguém te fazia sombra e que por isso só podias ser gigante, lembro-me que ninguém te olhava nos olhos e que por isso não eras daqui. Eras de outro mundo para onde tantas vezes tentei que me levasses. Nesse abraço tão teu que roubo, roubei. Ainda o tenho. No meu bolso, à tua maneira. Como se ainda corresse para ti a noite inteira, como se pudesse desejar mais alguém. Baralhas-me as ideias mas não estás aqui. Quero que estejas. Que me queimes a roupa e me rasgues a pele. Como uma ferida que não saras. Como uma tatuagem.

30 de agosto de 2013

Tenho saudades tuas

Por tempos parei de te escrever. Esqueci-te ? Nunca. Tatuei-te na alma e a alma fugiu. Não soube dela. Procurei por tempestades, lutas e cicatrizes. Procurei-a no bom, no mau, em mim. Mas não a encontrei. A minha alma fugiu e dela não tenho rasto. Espero que te lembres de mim. Como me lembro de ti, ou a alma lembrava. Eu lembro. E a alma volta. A alma és tu e eu não te esqueço. Não posso, nem quero. Adoro-te

22 de julho de 2013

Letter Y

Sonhei-te longe e gritei por ti. Sonhei que não vinhas, porque já não querias ou não ouvias. Nos sonhos somos o que queremos, a imaginação é o limite. Nos sonhos eu sou triste. Perco-te e não sei de ti, reviro as pedras mas já partiste, e não sei se voltas. Normalmente não voltas, mas eu ainda me sento e espero, espero, espero. Raramente apareces, e quando o fazes não trazes o brilho que conheço, nem a leveza que te caracteriza. Nos sonhos sou triste.Felizmente costumo acordar no meio daquele sufoco. E sorrio. Limito-me a sorrir pelo dia fora, e tu és leve e brilhas e eu não espero, nem desespero. E quando a noite traz o silêncio agarro-te com força e adormeço sufocado no teu cabelo, na esperança que ele me acorde mais cedo.

23 de junho de 2013

Summer

"Amores de verão enterram-se na areia"

Eu só consigo pensar em aninhar-me em ti. Porque não é um amor de verão. São anos e anos de sol, praia e mergulhos. Livros e revistas, que folheias e te deliciam. Com esse teu ar inocente que me faz sorrir.
És a melhor coisa do verão.

8 de junho de 2013

Letter

Tenho visto por aí pessoas que dizem que adoravam poder ouvir a sua música preferida pela primeira vez, de novo. Eu também. Adorava ver-te outra vez. Conhecer-te de mil outras maneiras, sempre de novo. Será que me escolherias em todas elas ? A oportunidade faz o ladrão ou foi o destino que nos juntou ? Ficaríamos sempre juntos ? Quero, e tenho que acreditar que sim. Porque és como um farol, uma luz que me guia. Winston Churchill disse, "Se estás a caminhar pelo inferno, continua." Tu és, como sempre foste o que me faz andar. Porque por pior que seja o dia no fim apareces tu. E se tu apareces nada é assim tão mau. Porque tu és tu. E tantos anos depois, isso ainda diz tudo. Como da primeira vez.

3 de maio de 2013

Letter XLIX

" Meu bálsamo para a dor de ser
Em ti me embalsamei... "

Uma vez fui puxado por uma orelha da mais profunda das tristezas. Sentaste-me num banco com a camisa de fora e o meu jeito rebelde. Deitei-te a língua de fora quando desviaste o olhar em busca do pente que tentou domar-me o cabelo com movimentos fortes, vigorosos, como se o tempo não passasse por ti. Uma vez fui puxado por uma orelha da mais profunda das tristezas. Sorri-te, mas eu era triste. O meu sorriso mentia, mesmo que eu não o fizesse. Mas tu sabias. Puxaste-me por uma orelha e obrigaste-me a lembrar-me de quem era. Antes de me puxarem as orelhas. Antes de sair do teu caminho. O meu caminho és tu. Sempre foste. Agora não me puxas, mas o teu corpo queima-me e magnetiza-me. E eu sigo-te, para toda a parte. Quero que saibas, que és a melhor pessoa que conheci. A pessoa que me deu mais luta, que mais exigiu de mim. A única pessoa com quem nunca discuti. E tantas vezes vimos o mundo de formas tão diferentes. Mas o teu mundo é tão melhor, e tu a melhor coisa que veio ao mundo. Quero que saibas, és a melhor coisa que me aconteceu. Sem morder a língua, sem pensar duas vezes. Como um miúdo, traquina e mal comportado, não te minto. Levo-te à exaustão, mas adoro-te.
Há mais uma coisa que preciso que saibas, nunca estarás sozinha. As relações são palavras, e o juntos para sempre é uma ilusão.
Tu estás-me tatuada no sangue. Tu és parte igual à perna ou braço. Mas fazes mais falta.
Uma vez fui puxado por uma orelha da mais profunda das tristezas. Não abras a mão.

23 de abril de 2013

Letter XLVIII

És a melhor coisa que me aconteceu em dois mil anos de história. Dança-me na pele porque já não me aguento sem ti. Curvam-se as costas e dói o coração. É o tempo diriam muitos. É a saudade digo-to eu. Saudade tua. Não que te pertença mas que te diga respeito. Como tudo diz. Tu és tu, e cada dia vejo a maior e maior dimensão disso. Tu és tu. Uma flor. A melhor coisa que alguém pode desejar, mas nunca exigir, menos merecer. Tu és tu. E lutar a teu lado tem sido a maior honra que o meu peito suporta. Sem medalhas. Apenas um corte no escudo por cada dia que me salvaste. Do mundo, do fundo, do fim. Ao escudo falta a cor, a faca retalhou-o numa frieza que te fixa aqui. Milhares de dias e noites de ti. Até que a morte nos separe disseram ? Morto estava eu antes de te conhecer. Agora sei que não poderia ter sido mais imortal.

17 de abril de 2013

Letter XLVII

Flor, ainda aí estás ?
Sei que tenho estado ausente, que não tenho passado por cá. para te soltar umas gotas de água ou um sorriso que te refresque. Sei que não tenho aparecido. Tens esperado? Esperado que chegue ou desesperado para que fique ? Gosto de acreditar que sim, que sentes a minha falta quando não estou.
Não tenho muito tempo, os compromissos afogam-nos e esquecemos-nos do nosso jardim.
Flor, é por ti que me comprometo. Para um dia poder passar os dias a ver-te crescer. Rodares o corpo para o sol e ver-te brilhar, com esse fogo que queima a vista, a alma. Um fogo que arde e que se vê perfeitamente. Porque o fogo vê-se ou não arde. Eu vejo-te e incendiaste o mundo inteiro.
Flor, adoro-te.

31 de março de 2013

Letter XLVI

Sabes do que sinto falta ? Dos pés na areia. Sinto falta do sol me queimar a pele e secar os lábios. Sinto falta da sede, da roupa larga e o teu cabelo comprido. Há duas coisas certas na vida. A morte, e o Verão. Porque chegam inevitavelmente. O sol pode fazer-se esperar mas quando aparecer vai empurrar-nos a todos para a areia, escurecer-nos os corpos e aquecer-nos o sangue. Sinto falta do mar. A vida ensinou-me que se o mar nos beija a pele, provavelmente não temos, nem teremos brevemente, nada que fazer. E isso é bom. Esse nada que fazer. Desperta-nos as ideias e faz-nos pensar que nada sabe a pouco, e que pouco é finito. Gostava que quiséssemos muito, que não chegasse pouco. Mas chega. Por hábito ou herança, por medo ou preguiça deitámo-nos no pouco. E ali ficámos, a fazer nada. Nada sabe a pouco. Pouco não me sabe a ti. Mas que sei eu ? Sei a que sabes. Aprendi de pequeno. Sabes-me ao frio lá fora e ao quente no chocolate. Sabes à saudade que me sufoca neste livro que parece pequeno se não estás. Tu, minha história, que me adormeceste noite após noite, quando o escuro me zumbia nos ouvidos e me assustava o espírito. Tu que me fizeste arranhar o chão nesta busca de ti, do teu bem estar. Um bem estar que se senta e vê crescer os netos, numa euforia louca que lhe fugiu das pernas mas acende a alma. A minha alma és tu. E não te vendo. Porque sei o quanto me custaste, porque sei que vales mais do que posso, tenho, ou sou. Porque tu és tu. Sabes do que sinto falta ? Da chuva lá fora e nós cá dentro. Do barulho da rua nos carros que passam e nos gritam que vivamos. As janelas cobrem-se da cor que lhes dás, com um pincel que comanda o mundo. Pintas-me de coragem para que possa pintar-te em cada prédio, rua e estrada. Para que te vejam e conheçam. 
Sabes do que sinto falta ? Do sabor do ar nos segundos que precedem a tua chegada. Como se a brisa se tornasse palpável e cada respiração uma nota musical. Sinto a tua falta, todos os dias. E todos os dias me acalmas o corpo e apagas a mente. Como se pudesse pensar contigo. Como se pudesse pensar se não em ti. Espera o Verão comigo. Sei que estaremos juntos no resto.

Sabes do que sinto falta ? Dos pés na areia. Sinto falta do sol me queimar a pele e secar os lábios. Sinto falta da sede, da roupa larga e o teu cabelo comprido. Há duas coisas certas na vida. O verão, e tu. Porque chegam inevitavelmente.

15 de março de 2013

Letter XLV

Deixo que as semanas passem neste torpor que me provocas. Adormeces-me os sentidos. Deixo-me embalar por esta música que é o teu corpo, neste ritmo que faz viver. Deixo-me embalar por este ritmo que acelera mas nos magnetiza e atrai. Que nos faz girar juntos, nas adversidades, nos dias de sol. Que as tempestades nunca sejam mais ferozes que a minha vontade de te proteger. Com um instinto que não conheci antes. Que me atira na tua direcção, a uma velocidade crescentemente constante. Esta vontade de te ver mais um dia, diariamente. Esta vontade de saber de ti, saber de nós. És a melhor coisa que me aconteceu. Não pelo cliché mas porque sim. porque tu não te justificas, tu não te explicas. Pessoas como tu não se entendem. Por seres uma edição limitada, tão limitada que se torna impossível para mim compreender a sorte que tenho. Talvez nunca te consiga dar o real valor que tu mereces. Não por não viver consciente disso mas por a minha condição humana não mo permitir. Eu devo-te mais do que existo, sou-te mais do que admito. Porque tu és, e sempre foste, a melhor metade de mim.

Há uma coisa que preciso que saibas. Adoro-te.

7 de março de 2013

Letter XLIV

Gostava de te escrever um livro. Para que me lesses antes de dormir. Gostava de ter oportunidade de te deixar um elemento físico que te protegesse. E ficasse sempre por perto. Gostava de te garantir uma boa noite, um último sorriso. Porque tu estiveste comigo quando eu perdi tudo. E eu soube que tinha mais do que perdera. Gostava de te escrever um livro. Em que soubesses que cada letra era tua, e sempre tua.

Gostava de te escrever um livro.
Gostava que lesses que te amo.
Gostava que me lesses.
Amo-te

2 de março de 2013

Letter XLIII

Quero dizer-vos que se preparem. Porque ela anda por aí. E é praticamente certo que ela vai aparecer. Por isso preparem-se. Mas da forma correcta. Não se preocupem com roupas e acessórios. Ela não vai olhar a nada disso. Talvez apareça quando saírem para correr, talvez apareça no meio de um dia de chuva. Talvez vocês não estejam no vosso melhor. Talvez nem ela esteja. Mas acreditem que nesse momento isso não vai importar, e ela será melhor do que tudo o que conheceram. Desde sempre.
Ela não vos vai exigir presentes ou passeios, só um sorriso sincero e que tenham paciência quando for preciso. Que sejam corajosos e capazes de enfrentar tudo por ela, mesmo que tudo não sejam dragões ou exércitos, mas sim aqueles que eram próximos. Mesmo que tenham que enfrentar dragões e exércitos. Ela não vos vai pedir o pôr do sol, mas o sol vai pôr-se e as vossas vozes ecoarão pelo espaço. Pelo tempo que julgaram não ter e vão sentir-se como que numa doença terminal, porque todo o tempo que tiverem vai sempre parecer pouco. E as vossas mentes moldar-se-ão e as frases dançarão entre as bocas. Desde o primeiro segundo.
Vejo que duvidam agora, mas também houve um tempo em que duvidei. Um tempo em que as raparigas eram monstros estranhos e confusos. Hoje, ainda vejo uma rapariga, e é um monstro. Engoliu tudo o que existia e sentou-se no topo da minha consciência. E dali, mostrou-me que confuso é o meu dia sem ela. Quero dizer-vos que vai ser muito mais difícil do que esperam, e muito melhor do que merecem. Porque ela nunca será merecida. Por ser um monstro que conquistou o mundo, e escolheu fazer de vocês o seu mundo. Por isso preparem-se. Porque quando ela chegar, não vão querer que parta.

Hoje tenho medo de não ter monstros comigo à noite. Como se eu pudesse estar sem ti.

25 de fevereiro de 2013

Letter XLII

Descobri que é fácil amar quando as coisas correm bem. Um sorriso é amoroso e um abraço amável.
Mas enquanto não amarmos o gelo das lágrimas e os dias pesados que queimam o corpo, não teremos amado de verdade. Só amando as dificuldades teremos o direito de aproveitar os dias fáceis. Quanto mais amarmos, mais fáceis se tornam, mais frequentemente se encontram. O amor está no sangue e não no sono. Amamos. De forma inata. Depois começamos a pensar e deixamos que o cérebro fale mais alto que o coração. Paramos de nos deixar levar. É aí que vêm os dias difíceis. É aí que te adoro.

Acima de tudo o resto.

15 de fevereiro de 2013

Letter XL

São trinta cartas já. Trinta cartas que te escrevi e a caneta deixou marcas na minha pele. Marcas de erros e falhas, dias em que te deixei ficar mal. Há duas coisas que entendi com o tempo. Na verdade, foram três. A pior de todas é que o tempo não espera por nós, e que se quisermos desperdiçar um dia o tempo avança e não se importa minimamente se carregamos o peso desse desperdício para sempre. As outras duas são que vamos sempre errar, mas que podemos aprender com os erros. Vivemos condenados a esta condição humana, que erra, mente e tem falhas. Vivemos com medo. Medo de deixar ficar mal, deixar ficar, ficar sozinho. Embrenhamo-nos em corpos e garrafas, que não aquecem o sangue, não aceleram a mente. Deixa-mo-nos guiar por estímulos estereotipados a que a a sociedade reage, mas não nós. Mas deixa-mo-nos ir. Porque sim. Porque ele fez. Porque ele gostou. Alguém, que não nós, seguiu esse caminho e convenceu-nos de seria bom. A verdade é que não é bom. A verdade é que se nos deixarmos levar, não poderemos voltar atrás. Bem, eu aprendi uma coisa, e não sou ninguém para isso, mas tenho uma opinião. Deixem-se levar. Inspirem, fechem os olhos e saltem. Talvez a relva seja mais verde do outro lado, talvez atinjam uma parede com tanta força que vos tremam os ossos, talvez se arrependam. Mas quem arrisca faz. E só quem faz erra. Portanto o meu conselho é que errem, errem muito. Mas nunca se esqueçam do que importa. Existem várias maneiras de falhar. Eu escolhi sempre errar por amor. Eu escolhi sempre o amor. E ainda trago cicatrizes abertas no corpo de escolhas que fiz. De escolhas que não me arrependo. Às vezes uma mentira preserva um sorriso, às vezes uma mentira permita que algo cresça, se torne forte. Claro que podemos pensar que se torna forte com base numa mentira. Naturalmente, como humanos que somos, erramos nesse pensamento. Nada cresce com base numa coisa. Se isso fosse assim não existiriam problemas. Bastava criar uma minúscula coisa boa, e viver dela todo o tempo que nos restasse. Nada cresce com base numa coisa. Aprendi que uma relação cresce com tudo o que acontece. Tudo o que acontece. Talvez o que provoca uma lágrima hoje enrijeça o corpo e afaste o mal. Como uma armadura, que amortece o que bate e protege o que fica. Ainda existem duas lições que trago comigo. A primeira, é que no final, és tu que ficas. Só isso. A areia nos pés e o sal no cabelo, uma manta que te cobre o corpo inteiro, os chinelos ou os saltos, o sorriso ou as lágrimas. No final és tu que ficas. Nunca te poderei dizer que foste o meu primeiro beijo. Nunca te poderei dizer que foste a única. A verdade é que foste a primeira que tive, a primeira que conheci. A verdade, é que ainda hoje te trago comigo. Tatuada no sangue, no avesso da alma. A verdade, é que no fim, és tu que ficas. Com o meu sangue no peito, a minha alma na pele. E como pode alguém compreender isso ? Se foste tu, sempre tu quem me viu falhar ? Pergunto-te, e perco-me na arrogância de te exigir uma resposta, como pode alguém fazer-te frente ? Tu, que engoliste montes e vales para me manter por perto. Como se eu precisasse ser forçado. Como pode alguém fazer-te frente ? Vi o mundo nos teus olhos em cada dia, como se viver dos teus olhos fosse um privilégio ao meu alcance, ou olhar-te uma vida um direito meu. Sabes o que fiz quando te conheci ? Fechei os olhos, inspirei e saltei. Bati em ti com tanta força que os nossos nomes se uniram. Deixei para trás o que não existias, e vivi-te. Cada segundo, numa dura luta com o tempo, para lhe roubar o máximo de ti que eu pudesse. Hoje sei que ganhei. Percorro-te as rugas com as costas da mão mas os teus olhos ainda brilham. O teu corpo ainda me fascina. Como se alguém te pudesse fazer frente.
Por fim, a última coisa que importa referir.

No fim ficará tudo bem. Se não está tudo bem, ainda não é o fim.

13 de fevereiro de 2013

Letter XXIX

Quero mascarar-me de ti no próximo carnaval. Quero sair à rua com o teu cheiro e saber como e ter um mundo inteiro olhar para nós. Quero mascarar-me de ti e saber como se sente uma estrela. Que brilha durante gerações e ouve os desejos de milhares de sonhadores. Quero mascarar-me de ti e viver na loucura da tua unidade, quero voar pelas ruas e deixar que os olhos me percorram o corpo. No sentimento de que nunca o terão. Quero ser como tu. E fazer de ti a minha pele, mais que uma máscara. Quero começar no carnaval e aterrar no dia dos namorados. Quero namorar-te. O dia inteiro. Sem máscaras, embrulhos ou desvios. Só nós, porque no fim é isso que fica. O que fizemos, o que somos. Quero mascarar-me de ti. Quero namorar-te a vida toda. Tenho saudades tuas.

És a melhor coisa que me aconteceu.

6 de fevereiro de 2013

Letter XXVIII

Há coisas que gostava de saber. Gostava de poder levantar-te e sentar-te na bancada da cozinha como sempre fiz. Gostava de te sentar ali como uma criança e perguntar-te se é isto que sentes. Se é isto que vês. O que me faz mais falta são os teus olhos. Como se eu não pudesse ver sem eles. Aquele brilho ofuscante que iluminava a sala inteira. Gostava de saber se também sentes que Deus colocou um anjo na Terra só para ti. Alguém que te guia e carrega se tropeças. Como se eu pudesse merecer-te. Quero perguntar-te se te consideras sortuda, se consideras que não poderias ter mais. Eu acredito nisso. Que não podia ter ninguém melhor. Porque eu conheci muita gente antes, e gostei de algumas dessas pessoas. Gostei. Só isso. Nunca senti esta vontade que me assalta de roubá-las e guardá-las só para mim. Eu nunca soube partilhar-te. Não quando o teu sorriso era mais valioso para mim que qualquer objeto que eu pudesse comprar. Tu não tens preço, rótulo ou marca. És uma edição limitada, tão limitada quanto a perfeição. E eu não soube de ti enquanto te procurei por toda a parte, mas baixei os braços e tu atingiste-me com tanta força que o mundo ainda não parou de girar. E é tudo para ti, para o que encontraste. É tudo à tua volta. És a minha gravidade, o anjo que me guia. Gostava de perguntar-te se alguma vez te fiz sentir completa. Se alguma vez te fiz querer passar a vida contigo. Gostava de perguntar-te uma coisa. Apenas e sempre uma. Ainda, mas não sempre, não.

Gostava de te dizer que não podias ser melhor. Como se tu pudesses acreditar.

25 de janeiro de 2013

Letter XXVII

Quero que saibas que por mais que o tempo nos sufoque e a vida nos envolva nesta correria. Há sempre tempo para ti. Porque tu és tu.

E isso quer dizer muita coisa.

16 de janeiro de 2013

Letter XXXVI

Tenho sonhado contigo. Na verdade, sempre sonhei. Todas as noites. Há uma coisa que me custa, mas que tens que saber. Nunca, nem uma vez, um desses sonhos foi bom.

Já te perdi de tantas maneiras diferentes que não acredito que me pudesses surpreender. Já te vi partir por mentiras e traições, medos e fúrias. Vi-te voltar as costas e pôr um pé à frente do outro, uma e outra vez, até te perderes numa qualquer esquina. Na maioria das vezes, eu não sei porque foste, mas sei que não voltas mais. Há muitos anos, quando o sangue ainda fervia naquele corpo de miúdo, deitei-me a pensar que talvez não pudesse sonhar, se te vivia. Talvez, a única forma de manter a minha sanidade, era dar-me noites terríveis, tão más tão más que eu pudesse acreditar que os meus dias eram verdade. Sorri ao concluir que o meu consciente tentava proteger-me. Sorri não por felicidade, mas por carinho. Um carinho enorme por aquela consciência tonta que achava que uma vida de pesadelos podia equilibrar uma existência de sonho. Como se alguma coisa pudesse equiparar-se a ti, mesmo que simetricamente. A verdade, é que nada te pode fazer frente. Lembro-me de ser engolido pelas trevas, cair em buracos sem fundo, lembro-me de perder o ar, a noção do tempo, lembro-me do mal. Mas acima de tudo, lembro-me que de manhã estavas ali. Sempre. Inevitavelmente do que acontecesse durante aquelas horas. Como se alguma coisa pudesse equiparar-se a ti. Tenho saudades tuas. De forma sistemática. Se te levantas para ir buscar algo que, na tua cabeça, eu preciso. Não preciso. Preciso que te atires contra mim com tanta força que a tua pele me cubra os ossos. Duas mentes num só corpo. Até que a morte nos separe certo ?

Como se alguma coisa pudesse equiparar-se a ti.
Como se alguma coisa pudesse separar-nos.


13 de janeiro de 2013

Letter XXXV

O que nos define verdadeiramente ?

Somos feitos de uma infinidade de órgãos e membros. Somos feitos de pó, de osso. Somos carne coberta de tecido, ou mais ? Onde está a magia ? Hoje lembrei-me de algo que se passou comigo numa outra vida, há milhares de anos. Hoje lembrei-me de ti.
Tenho ideia de que na primeira vez que te vi, tu brilhavas. Estava escuro e o mundo eram sombras, projetos largados por falta de vontade, sonhos quebrados caídos nas escadas, pedaços de tempo que o próprio tempo arrastava pela rua. Sentia-me sugado por aquela sofreguidão de prioridades. Dinheiro. Dinheiro. Trabalho. Dinheiro. Sentia-me traído por aquela humanidade que se esqueceu daquilo que tem de melhor. Companhia. Humanidade que vivia na procura de um carro melhor, uma casa melhor, uma mala melhor. Para poder ter esses objetos abdicavam de tempo com a família, abdicavam de tempo. Pessoas que abdicavam do mundo e dos seus, usavam malas impecáveis. Lembro-me que usavas apenas um vestido branco, que os teus cabelos eram claros como as minhas ideias, e os teus olhos desse tom salgado que roubou o mar. Lembro-me que não disseste nada mas eu ouvi-te com uma atenção que me queimou a cara e o corpo. Como se a tua mão ficasse marcada em mim. Não me lembro se estavas feliz. Apercebo-me agora que só me comecei a preocupar com isso algum tempo depois. Porque eu era um indio. Habituado a ferro e fogo, habituado a correr, a fugir, escondido do mundo e do sol. Lembro-me que os meus joelhos ainda tinham as marcas do chão, e que os meus olhos não aguentavam permanecer totalmente abertos, por não estarem habituados a tanta luz. Eu conheci outras antes de ti. Não como tu, porque não sei o que tu és. Eram diferentes, não brilhavam, sorriam, mas não queimava, como se aquele sorriso não fosse meu. E eu também sorria, mas por dentro o mundo rodava e eu não o acompanhava. Eu não estava ali. Estava sentado, a um canto, demasiado arrogante para me misturar. Demasiado assustado para fugir. Lembro-me que os teus pés mal tocavam no chão, mas o teu corpo combatia a gravidade da Terra com uma intensidade que eu fui desviado de tudo. E os planetas alinharam-se para te ver sorrir. E tu sorriste. E iluminaste a Terra inteira. Lembro-me de desejar do fundo do meu coração que pudesses ser minha. Mesmo que só por um dia. Como se eu te pudesse merecer.


O que nos define verdadeiramente ?

Somos feitos de uma infinidade de órgãos e membros. Somos feitos de pó, de osso. Somos carne coberta de tecido, ou mais ? Onde está a magia ? Hoje lembrei-me de algo que se passou comigo numa outra vida, há milhares de anos. Hoje lembrei-me de ti. Tinhas apenas um vestido branco e os teus olhos viram o que não foi desenhado. Como se tu já soubesses o que poderias desenhar. Quando mais duvidei da resistência da magia neste mundo de valores. Valores, não valores. Das casas e dos carros, não os sérios. Foi a primeira vez que vi uma fada. E então voltei a acreditar.



11 de janeiro de 2013

Letter XXXIV

Lembro-me de ser pequeno. Lembro-me de medir não mais que uma cadeira, menos que um muro. Lembro-me dos sonhos serem bolas e os objectivos balizas. Lembro-me de rasgar os joelhos e o sorriso,   em tardes que não acabavam, tardes que não choviam. Lembro-me de achar as raparigas um bicho estranho, uma espécie confusa, ideal à distância. Nunca me revi em casamentos. Em cartas de amor.

Já não sou pequeno. Contigo, e por ti, eu cresci.

Tu, e só tu, mudaste os músculos e  a cara, puxaste-me o cabelo em tardes em que os corpos queimaram as roupas, e nos perdemos numa eterna sensualidade. Como se eu pudesse viver sem o teu corpo. O único corpo que tive.

It is all about you.

Desde sempre.

7 de janeiro de 2013

Letter XXXII

" Juliet when we made love you used to cry
    I said I love you like the stars above











                                                                                     I love you until I die.. "