25 de janeiro de 2013

Letter XXVII

Quero que saibas que por mais que o tempo nos sufoque e a vida nos envolva nesta correria. Há sempre tempo para ti. Porque tu és tu.

E isso quer dizer muita coisa.

16 de janeiro de 2013

Letter XXXVI

Tenho sonhado contigo. Na verdade, sempre sonhei. Todas as noites. Há uma coisa que me custa, mas que tens que saber. Nunca, nem uma vez, um desses sonhos foi bom.

Já te perdi de tantas maneiras diferentes que não acredito que me pudesses surpreender. Já te vi partir por mentiras e traições, medos e fúrias. Vi-te voltar as costas e pôr um pé à frente do outro, uma e outra vez, até te perderes numa qualquer esquina. Na maioria das vezes, eu não sei porque foste, mas sei que não voltas mais. Há muitos anos, quando o sangue ainda fervia naquele corpo de miúdo, deitei-me a pensar que talvez não pudesse sonhar, se te vivia. Talvez, a única forma de manter a minha sanidade, era dar-me noites terríveis, tão más tão más que eu pudesse acreditar que os meus dias eram verdade. Sorri ao concluir que o meu consciente tentava proteger-me. Sorri não por felicidade, mas por carinho. Um carinho enorme por aquela consciência tonta que achava que uma vida de pesadelos podia equilibrar uma existência de sonho. Como se alguma coisa pudesse equiparar-se a ti, mesmo que simetricamente. A verdade, é que nada te pode fazer frente. Lembro-me de ser engolido pelas trevas, cair em buracos sem fundo, lembro-me de perder o ar, a noção do tempo, lembro-me do mal. Mas acima de tudo, lembro-me que de manhã estavas ali. Sempre. Inevitavelmente do que acontecesse durante aquelas horas. Como se alguma coisa pudesse equiparar-se a ti. Tenho saudades tuas. De forma sistemática. Se te levantas para ir buscar algo que, na tua cabeça, eu preciso. Não preciso. Preciso que te atires contra mim com tanta força que a tua pele me cubra os ossos. Duas mentes num só corpo. Até que a morte nos separe certo ?

Como se alguma coisa pudesse equiparar-se a ti.
Como se alguma coisa pudesse separar-nos.


13 de janeiro de 2013

Letter XXXV

O que nos define verdadeiramente ?

Somos feitos de uma infinidade de órgãos e membros. Somos feitos de pó, de osso. Somos carne coberta de tecido, ou mais ? Onde está a magia ? Hoje lembrei-me de algo que se passou comigo numa outra vida, há milhares de anos. Hoje lembrei-me de ti.
Tenho ideia de que na primeira vez que te vi, tu brilhavas. Estava escuro e o mundo eram sombras, projetos largados por falta de vontade, sonhos quebrados caídos nas escadas, pedaços de tempo que o próprio tempo arrastava pela rua. Sentia-me sugado por aquela sofreguidão de prioridades. Dinheiro. Dinheiro. Trabalho. Dinheiro. Sentia-me traído por aquela humanidade que se esqueceu daquilo que tem de melhor. Companhia. Humanidade que vivia na procura de um carro melhor, uma casa melhor, uma mala melhor. Para poder ter esses objetos abdicavam de tempo com a família, abdicavam de tempo. Pessoas que abdicavam do mundo e dos seus, usavam malas impecáveis. Lembro-me que usavas apenas um vestido branco, que os teus cabelos eram claros como as minhas ideias, e os teus olhos desse tom salgado que roubou o mar. Lembro-me que não disseste nada mas eu ouvi-te com uma atenção que me queimou a cara e o corpo. Como se a tua mão ficasse marcada em mim. Não me lembro se estavas feliz. Apercebo-me agora que só me comecei a preocupar com isso algum tempo depois. Porque eu era um indio. Habituado a ferro e fogo, habituado a correr, a fugir, escondido do mundo e do sol. Lembro-me que os meus joelhos ainda tinham as marcas do chão, e que os meus olhos não aguentavam permanecer totalmente abertos, por não estarem habituados a tanta luz. Eu conheci outras antes de ti. Não como tu, porque não sei o que tu és. Eram diferentes, não brilhavam, sorriam, mas não queimava, como se aquele sorriso não fosse meu. E eu também sorria, mas por dentro o mundo rodava e eu não o acompanhava. Eu não estava ali. Estava sentado, a um canto, demasiado arrogante para me misturar. Demasiado assustado para fugir. Lembro-me que os teus pés mal tocavam no chão, mas o teu corpo combatia a gravidade da Terra com uma intensidade que eu fui desviado de tudo. E os planetas alinharam-se para te ver sorrir. E tu sorriste. E iluminaste a Terra inteira. Lembro-me de desejar do fundo do meu coração que pudesses ser minha. Mesmo que só por um dia. Como se eu te pudesse merecer.


O que nos define verdadeiramente ?

Somos feitos de uma infinidade de órgãos e membros. Somos feitos de pó, de osso. Somos carne coberta de tecido, ou mais ? Onde está a magia ? Hoje lembrei-me de algo que se passou comigo numa outra vida, há milhares de anos. Hoje lembrei-me de ti. Tinhas apenas um vestido branco e os teus olhos viram o que não foi desenhado. Como se tu já soubesses o que poderias desenhar. Quando mais duvidei da resistência da magia neste mundo de valores. Valores, não valores. Das casas e dos carros, não os sérios. Foi a primeira vez que vi uma fada. E então voltei a acreditar.



11 de janeiro de 2013

Letter XXXIV

Lembro-me de ser pequeno. Lembro-me de medir não mais que uma cadeira, menos que um muro. Lembro-me dos sonhos serem bolas e os objectivos balizas. Lembro-me de rasgar os joelhos e o sorriso,   em tardes que não acabavam, tardes que não choviam. Lembro-me de achar as raparigas um bicho estranho, uma espécie confusa, ideal à distância. Nunca me revi em casamentos. Em cartas de amor.

Já não sou pequeno. Contigo, e por ti, eu cresci.

Tu, e só tu, mudaste os músculos e  a cara, puxaste-me o cabelo em tardes em que os corpos queimaram as roupas, e nos perdemos numa eterna sensualidade. Como se eu pudesse viver sem o teu corpo. O único corpo que tive.

It is all about you.

Desde sempre.

7 de janeiro de 2013

Letter XXXII

" Juliet when we made love you used to cry
    I said I love you like the stars above











                                                                                     I love you until I die.. "