28 de outubro de 2012

Letter XX

Escrevi-te  20 cartas na esperança de te ver. De poder saber que sorris mesmo que não esteja, ou que estejas para me fazer sorrir. 20 cartas te gritei ao coração na esperança que no final estivesses aqui com do meu lado. Agora perco-me em ti. Perco-me em ti e não dou o menor passo na direção de me encontrar. Porque em ti não existo, mesmo sendo mais do que alguma vez fui. Vinte vezes te digo, adoro-te. Vinte vezes deixei tanto por dizer. Como se tu pudesses ser respeitada por palavras, como se não mover o mundo inteiro na tua direção não fosse necessário. Quero que saibas que só tu importas. Só tu me moves. Quero que saibas que tudo isto é teu e para ti. Quero que saibas que faria tudo por ti. Por um só sorriso. E então tudo teria valido a pena. Boa noite minha querida, dorme bem.

24 de outubro de 2012

Letter XIX

Que o mundo saiba o que sinto. Que o mundo veja o que faço. Que o mundo se ajoelhe perante ti. O que é mundo? Só te sei a ti. O que és tu ? Já não sei de mim. Vivo deformado numa forma que não é minha. Que é tua. E juntos somos mais, somos um. Que o mundo saiba. Que tu não esqueças.

Adoro-te

22 de outubro de 2012

Letter XVIII

Não me esqueci de ti. Na verdade eu nem me lembro de ti, estás sempre no meu pensamento. Ontem despistei-me contra álbuns de outros tempos e deixei-me ficar, deixei-me absorver por eles. Naquele tempo tudo era fácil. Alto, era o joelho do meu pai, e longe, era a casa de banho. Problema era não ter um lápis verde e sabia lá eu o que era o dinheiro. Quem me dera nunca ter sabido. Ter-me mantido naquela virgindade que me protegia desta loucura em que nos largaram. Naquela altura bom era uma bola, e ótimo era correr atrás dela, a qualquer hora. Depois aparecem os músculos, aparece a barba. O corpo ganha formas e a cabeça manias. Depois, perdemo-nos. Deixamo-nos ir e desviamos o olhar daquilo que sempre fomos. Derivamos. Até que. Isto é o lado bom. Por pior que as coisas estejam, o nosso coração acaba sempre por saltar no "mas" ou no "até que". Tu és o meu "até que". Porque tudo mudou quando tu chegaste. O que me assustou foi não pedires autorização para nada. Entraste aqui e redecoraste tudo, como se tudo fosse teu. Agora sei que sim, tudo eras tu. Tenho tantas saudades. Não te ver um minuto distorce o pensamento, por melhor que esse seja. Eu já não sei estar sem ti, mas pior do que isso, eu não quero. Contra todas as expectativas, eu só te sei perto. Eu só te sei a ti. E sei que haja o que houver na minha vida, nunca será um problema meu. "Sou do tamanho daquilo que vejo". Eu só te vejo a ti.

Adoro-te

16 de outubro de 2012

Letter XVII

"A love-struck Romeo sings the streets a serenade
Laying everybody low with a love song that he made.
Finds a streetlight, steps out of the shade
Says something like, "You and me babe, how about it?"

Obrigado por sempre teres acreditado em mim. Ainda me lembro da primeira vez. Ou das ? Foram tantas em tanta coisa. Foste a primeira rosa, a primeira dança, o primeiro raio de sol que me chegou em cada manhã. Foste, a primeira música que gritei a plenos pulmões e o primeiro grito que calei, e guardei para mim. A primeira vez que quis chegar de mansinho, para que não acordasses, a primeira vez que troquei as botas pelos pés descalços no teu chão. Um chão que ficou nosso com o passar dos anos. És a primeira vez que escrevo para que alguém leia, alguém lê? És a primeira vez que trago outro sangue no corpo, de primeiras vezes que marcam mais que outras. A primeira vez que me rapaste o cabelo e fizeste de mim teu soldado, nesta ânsia de te defender de tudo o que te traz perigo, de tudo oq ue te traz mal. Porque tu és minúscula, uma espécie de pulga elétrica que está em toda a parte. Estás-me no sangue. És a primeira vez do amo-te, foste a primeira vez do adoro-te. A primeira vez em que soube do meu peito uma almofada. Quero agradecer-te. Por teres ficado comigo quando mais ninguém conseguiu justificar a permanência. Só penso em ti. Desde a primeira vez. A primeira vez em que o mundo ficou reduzido a uma pessoa, e uma data de argumentos para uma paisagem. A primeira vez que desconfiei da gravidade e flutuei à tua volta, como se tu pudesses atrair-me mais. E sempre pudeste. Nunca chegou. Ainda hoje me desequilibro se tu apareces de repente. Mas o que dói é quando não apareces, e a tua ausência me empurra para este buraco fundo de onde te escrevo. Porque se escrevo tu não estás, nem poderias. Escrevo na esperança que um dia me oiças, e corras para casa porque é aqui que pertences, desde o ínicio. Desde a primeira vez ? 

11 de outubro de 2012

Letter XVI

Estou cansado, pesa-me o corpo. Os olhos lutam comigo para se fecharem, irem descansar. Peço-lhes que aguentem mais um pouco, só para te deixar umas palavras. Palavras quentes, que te protejam.
Boa noite meu amor, que sonhes alto e não desças cedo. És a melhor parte de mim.

Adoro-te

6 de outubro de 2012

Carta XV ou "Que Diana ?"

Ontem liguei a TV. Arrependi-me.
Estava a dar a história de um rapaz que conheceu uma rapariga numa das manifestações de Lisboa, e que se dispôs a encontrá-la, cuspindo palavras de amor verdadeiro. Ao que parece era tudo falso, uma pérfida publicidade, destinada a mexer com o que ainda mexe nas pessoas. Para mim, é isto que está mal. Vivemos uma crise e tudo isso, mas eu passava bem sem luxos. Não passava bem sem ti. Mas as pessoas esqueceram-se disso. Venderam a alma ao diabo e o amor às televisões. Banalizaram o amo-te. Carimbaram-no na boca de qualquer miúdo de 10 anos que veja uns minutos de televisão ao fim da tarde. Venderam o amor. E isto sim devia preocupar-nos.
Eu desconfiei logo daquela história. Eu senti amor à primeira vista um dia, e estranhei ao vê-lo justificar centenas de cartazes e faixas com esse nobre sentimento. Como poderia ele sentir isto que me queima e colocar faixas nas rotundas ? Desconfiei. No lugar dele teria incendiado os céus, e roubado a espuma do mar para escrever o teu nome. Tatuaria a tua cara no meu sangue e o teu corpo gritaria em mim. Eu desconfiei logo. Este amor que arrasto por se agigantar perto de mim, não se leva para a TV, não se conta a um qualquer jornalista. Eu teria virado o mundo do avesso, por um só beijo teu.
Devíamos vender-nos mais caros. Não nos trocarmos por coisa nenhuma, denegrir um sentimento por um perfume. Já sinto o cheiro, que impesta o quarto e apodrece o chão. Venderam o amor, e agora querem engarrafá-lo. Estamos em crise. E o problema é a falta de Dianas. Daquelas figuras que fazem virar mundos e fundos. Helena, Cleópatra, Julieta. Tu. Como pode alguém comparar-se a ti, meu amor ?
Eu poderia levar-te para a TV, eu poderia contar a nossa história para que todo o mundo baixasse os olhos ao ver-te passar. Eu poderia vender-nos. E provavelmente de forma muito mais convincente. Mas quem poderia comprar-te ? Uma pessoa como tu não se tem, não se prende, não se sabe. Tu vais e vens, como o vento. Por isso não preciso de cartazes. Abro a janela e a rua grita-me o teu nome, por esta necessidade de ti que não me passa.
Ontem liguei a TV. Arrependi-me. Hoje voltei a sentar-me aqui, a falar-te. Falar-te ao ouvido com palavras da alma. Para que saibas que não és Diana. Nem nada que se compre. Quero que saibas que tu venderias até pedras se o quisesses. Se o amor se pudesse comprar.
Eu amo-te. Mas não como se vê nos filmes...

De verdade.

1 de outubro de 2012

Carta XIV

Deixa-me chamar-te amor. Deixa-me levar-te pela mão para todo o lado. Deixa-me mostrar-te ao mundo e deixa que o mundo me mostre a sua inveja. Porque o mundo tem inveja de mim. Pela impossibilidade de alguém normal arrancar-te assim, da vida e do mundo. Eu arranquei-te. Roubei-te as raízes e os costumes e levei-te comigo, por não te poder resistir. E por isso, eu peço desculpa. Perdoa-me por te amar tanto, e te manter fechada neste mundo tão pequeno. Peço desculpa por não conseguir partilhar-te com ninguém, e não conseguir encontrar motivos que me convençam de que devia. Devia ? Não devia. És minha e pertences-me.
Tudo seria mais simples se pudesse acreditar nas palavras que escrevo. Como se tu pudesses ser controlada. És um monstro, que destrói tudo à sua passagem. Eu vi-te passar na minha vida e então eu deixei de ver, de ouvir.. E tudo eras tu. Como se eu pudesse segurar-te aqui. Se estivesses comigo seria porque querias, não porque te pedi ou porque preciso. Porque tu queres.
Se pudesse ver-te hoje, tentaria dizer-te tudo aquilo que ficou preso na garganta. Tentaria chorar por todas as vezes que o deveria ter feito e dizer-te que tu vales a pena. Que ninguém se pode comparar a ti. Se pudesse ver-te hoje, gostaria de dizer-te como foste tonta ao perderes-te em ciúmes e medos, como se alguém pudesse superar-te.
Como pode alguém superar-te se só existes tu ?
Não pode. Não posso. Não estás. Tenho saudades tuas, mais do que imaginei ser possível. Posso dizer-te, com a maior sinceridade, que nunca olhei para o lado. Eu nunca olhei para outra boca, por uma certeza afirmada de uma desilusão avassaladora. Ensinaste-me a lidar com o melhor, ensinaste-me a rasgar os joelhos no chão para te proteger. Estou moldado a ti. Não neste corpo que carrego, mas no coração que um dia tive. Que hoje tens. Por toda a eternidade.