6 de fevereiro de 2013

Letter XXVIII

Há coisas que gostava de saber. Gostava de poder levantar-te e sentar-te na bancada da cozinha como sempre fiz. Gostava de te sentar ali como uma criança e perguntar-te se é isto que sentes. Se é isto que vês. O que me faz mais falta são os teus olhos. Como se eu não pudesse ver sem eles. Aquele brilho ofuscante que iluminava a sala inteira. Gostava de saber se também sentes que Deus colocou um anjo na Terra só para ti. Alguém que te guia e carrega se tropeças. Como se eu pudesse merecer-te. Quero perguntar-te se te consideras sortuda, se consideras que não poderias ter mais. Eu acredito nisso. Que não podia ter ninguém melhor. Porque eu conheci muita gente antes, e gostei de algumas dessas pessoas. Gostei. Só isso. Nunca senti esta vontade que me assalta de roubá-las e guardá-las só para mim. Eu nunca soube partilhar-te. Não quando o teu sorriso era mais valioso para mim que qualquer objeto que eu pudesse comprar. Tu não tens preço, rótulo ou marca. És uma edição limitada, tão limitada quanto a perfeição. E eu não soube de ti enquanto te procurei por toda a parte, mas baixei os braços e tu atingiste-me com tanta força que o mundo ainda não parou de girar. E é tudo para ti, para o que encontraste. É tudo à tua volta. És a minha gravidade, o anjo que me guia. Gostava de perguntar-te se alguma vez te fiz sentir completa. Se alguma vez te fiz querer passar a vida contigo. Gostava de perguntar-te uma coisa. Apenas e sempre uma. Ainda, mas não sempre, não.

Gostava de te dizer que não podias ser melhor. Como se tu pudesses acreditar.

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