22 de outubro de 2012

Letter XVIII

Não me esqueci de ti. Na verdade eu nem me lembro de ti, estás sempre no meu pensamento. Ontem despistei-me contra álbuns de outros tempos e deixei-me ficar, deixei-me absorver por eles. Naquele tempo tudo era fácil. Alto, era o joelho do meu pai, e longe, era a casa de banho. Problema era não ter um lápis verde e sabia lá eu o que era o dinheiro. Quem me dera nunca ter sabido. Ter-me mantido naquela virgindade que me protegia desta loucura em que nos largaram. Naquela altura bom era uma bola, e ótimo era correr atrás dela, a qualquer hora. Depois aparecem os músculos, aparece a barba. O corpo ganha formas e a cabeça manias. Depois, perdemo-nos. Deixamo-nos ir e desviamos o olhar daquilo que sempre fomos. Derivamos. Até que. Isto é o lado bom. Por pior que as coisas estejam, o nosso coração acaba sempre por saltar no "mas" ou no "até que". Tu és o meu "até que". Porque tudo mudou quando tu chegaste. O que me assustou foi não pedires autorização para nada. Entraste aqui e redecoraste tudo, como se tudo fosse teu. Agora sei que sim, tudo eras tu. Tenho tantas saudades. Não te ver um minuto distorce o pensamento, por melhor que esse seja. Eu já não sei estar sem ti, mas pior do que isso, eu não quero. Contra todas as expectativas, eu só te sei perto. Eu só te sei a ti. E sei que haja o que houver na minha vida, nunca será um problema meu. "Sou do tamanho daquilo que vejo". Eu só te vejo a ti.

Adoro-te

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