28 de outubro de 2012

Letter XX

Escrevi-te  20 cartas na esperança de te ver. De poder saber que sorris mesmo que não esteja, ou que estejas para me fazer sorrir. 20 cartas te gritei ao coração na esperança que no final estivesses aqui com do meu lado. Agora perco-me em ti. Perco-me em ti e não dou o menor passo na direção de me encontrar. Porque em ti não existo, mesmo sendo mais do que alguma vez fui. Vinte vezes te digo, adoro-te. Vinte vezes deixei tanto por dizer. Como se tu pudesses ser respeitada por palavras, como se não mover o mundo inteiro na tua direção não fosse necessário. Quero que saibas que só tu importas. Só tu me moves. Quero que saibas que tudo isto é teu e para ti. Quero que saibas que faria tudo por ti. Por um só sorriso. E então tudo teria valido a pena. Boa noite minha querida, dorme bem.

2 comentários:

  1. Para ti, Romeo, de uma boa leitora:

    Sim, eu leio-te. Sim, eu sigo-te. Sim, eu estou sempre à espera de mais uma carta, uma palavra. Doce, do teu jeito. Um jeito apaixonado, apaixonante. Cuidado. Verdadeiro. É o que transmites. Transmites muita coisa. Calma, principalmente. É bom ler as tuas cartas, e é bom saber que há Romeos na internet. E no mundo. Aquela maneira de fazer os sentimentos virarem palavras... parte deles. Porque é impossível exprimir tanto, de tão só, por palavras. Frases. Textos. Então um bocadinho deles, o que escreves, é lindo de se ler. Era bom que o número de Romeos se multiplicasse, seriamos todos mais felizes. Se calhar até há, mas ninguém os descobriu ainda. Eu não. Para mim. Admiro-te. Por isto. Por seres quem és, quem demonstras ser. Diferente. Diferente da sociedade. Diferente do mundo. Tu amas. Proteges, com todas as tuas forças, incondicionalmente. E consegues, acredita que consegues. Também tu és o melhor da Julieta, não se pode desejar nada mais. Recebe todo esse amor e carinho, via... paz. Fazes-lhe bem, mesmo estando longe. E a mim também. Mesmo não te conhecendo, mesmo não sabendo quem és. A Julieta é uma sortuda. Antes de qualquer outra pessoa, tu tens que acreditar nisso. E eu acredito. No início, quando começaste a escrever (comecei a acompanhar-te a partir da carta 7, e, aí, li todas as que estavam para trás), pensei que fosses uma pessoa muito querida, que gostava de escrever. E escrevia muito bem. Com o passar do tempo, e à medida que foste postando mais cartas, apercebi-me de que não era só uma fantasia. Todas aquelas palavras, aqueles sentimentos, aquele amor. Todo aquele amor tinha que ser real. Tu tinhas que existir! Existes? Pergunto-me: como é possível? Como é possível tudo isto? Tu, o teu blog, as tuas cartas... Como é que a Julieta não é a pessoa mais feliz do mundo? E como será um dia na vida do Romeo? E a idade? Terá que idade, aproximadamente? Escreve tão bem... só pode já ter vivido muito. E falou da neta... E as utopias? Será que já escrevia antes? Ou isto tudo é pela sua Julieta? E o que estará por detrás desse "tudo"? Nada, não é? Porque para ti nada interessa, só ela, Julieta. Podes não ser feliz, mas consegues fazê-la muito feliz, nem que à distância. De certeza. E para ti isso basta, não é? Para ti, a felicidade dela basta. Não estou à espera de resposta... mas espero que leias. *

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  2. É fácil escrever se sentimos o que escrevemos ou limitamo-nos a deixar-nos levar pela escrita ? Onde pára a ficção? O que somos nós se não palavras que alguém escreveu com mais ou menos interesse? Debati-me na dúvida de responder a este comentário, porque responder a este comentário torna-me real, cria uma identidade que existe, lê e responde. Eu existo, eu sinto. Julieta existe, e sente. Mas como posso dizer que eu existo e ela existe se nada nos distingue ou separa ? Não quero perder-me nas palavras nem puxar para mim um brilhantismo que não mereço. Nunca esperei reconhecimento, mas se o recebo, carinhosamente, atiro-o para quem tudo me deu. Porque o chão que piso foi moldado pedra a pedra para que eu pudesse chegar até aqui. Pergunta-me a minha idade mas para ser sincero já deixei de contar os anos. Eu vi serem criadas as paisagens e as músicas, eu vi o tempo voar pelos meus olhos sem que me marcasse o rosto. Eu sou do tamanho daquilo que vejo. Eu vejo Julieta. E neste mundo de crises económicas eu temo uma crise de valores. Que nos deixemos levar por fobias e manias e nos esqueçamos do que fica. Do que sempre esteve. Não quero parecer hipócrita dizendo que o dinheiro não importa quando nos vemos rodeados de obrigações. Problemas que nos sufocam neste mar de números. Zeros e uns é o que somos, é o que queremos ser. Eu não. Eu vivi várias crises e apercebi-me que no fim só uma coisa importa. Ela. Pela leveza com que chegou e me deixou deitar em si, com este corpo que não me pesa agora, mas que me deixa sonhar. Com outros tempos, outras vontades. Rasgo os joelhos nesta ânsia de controlar uma bola que salta, uma bola que vive. Correr apaga os sentidos e deixa-nos existir de forma tão leve que só reconhecemos a perna, a bola, golo. As pernas crescem e deixamos os golos, as bolas. Perdemo-nos em cadernos e músculos. Perdemo-nos em cursos e ordenados. E chega o dinheiro. E vai o amor. Esquecemos a bola, o sorriso, a gargalhada que nos faz adormecer. Esquecemos o calor da companhia, a paixão que arde bem à vista, que nos faz querer queimar o mundo. Que arda esse mundo. Que o que sinto possa incendiar as casas e levar um pouco de mim a quem precise. Que o mundo baixe os olhos quando Ela passar. Porque por Ela fez-se o mundo. E nEla ele existe.

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