3 de novembro de 2012

Letter XXI

O sol acordou-me, gritou-me que viesse. Corresse e me levantasse, que vivesse. Bom dia. Onde quer que estejas, bom dia. Roubaram-me o brilho dos teus cabelos da almofada e o teu sorriso não dorme mais aqui. Mas dorme, e sorri. Sei-te de cor, tão de cor como gostaria de ter sabido matérias e testes, noutros tempos. Quando o teu cabelo ainda não dormia no meu peito, quando o teu sorriso ainda era de uma criança, ingénua, atrevida. Lembro-me do que sentia ao início, aquela loucura de querer ver-te mais e mais tempo, querer absorver-te e possuir-te, roubar-te a carne e criar-me um corpo. Lembro-me que me rasgavas a alma quando sorrias e tudo o que era bom melhorava, e o mau adormecia. Desaparecia ? Não sei, o tempo não me deixou tempo para que pensasse sobre isso. O tempo deixou, tu não. To obrigaste-me a viver, dia após dia após dia. Como se eu fosse digno de ti. E cada beijo que te dei foi um minuto de vida que roubei ao tempo, nesta ânsia de chegar antes dele, para te ver ficar. E não partir... Não, nunca partas, nunca vás. Que o tempo sejas tu e que para ficar te chegue eu. Agora dorme meu amor. Bom dia. Boa noite. Sonha com o tempo. Com o que falta. O que passou, foi ele próprio um sonho.

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