20 de setembro de 2012

Letter XI

Estás aí ? Não sei se sabes, mas eu tenho-te escrito. Escrito no vento e no tempo, mas não sei se o vento te leva o tempo que te dou. Levou ? Espero que estejas, que me possas ouvir. Espero que leias e sintas que ainda penso em ti. Que ainda me lembro de ti. Estás aí ? Quero dizer-te que ainda és uma novidade, que ainda me fazes engolir batimentos do coração. Não me habituei a ti, por mais que os tempos que passamos juntos sejam cada vez mais um espécie de utopia tão minha. Tão nossa ? Espero que ainda me vejas, e ouças. Como quando todo o tempo era curto para te ver hoje, e amanhã não chegava e teimava em mostrar-se sempre numa espécie de toque-foge, estás aqui, não estavas?
Eu acredito que sim, que estejas. Ou já não falaria. Chamo por ti todas as noites, quando o escuro faz de nós fracos, mas a manhã impede que admitamos o quão fracos fomos. Chamo por ti todas as noites, mas ainda não vieste. Talvez seja por isso que me deite todas as noites. Na esperança de que venhas, e chegues com esse sorriso que não te pesa nos lábios mas que arrasto na memória. Deito-me na espera, porque dormir não posso. Como poderia eu? Sonhar tornou-se impossível, pelo perfume que deixaste em mim, tão mais forte que qualquer sonho, que qualquer história.
A minha história és tu.
É por isso que escrevo. Na esperança de que a prática conduza à perfeição, e que um dia te posso contá-la como mereces ouvi-la. Como perfeição que és, perfeição oiças. A perfeição não existe é um boato. Inventado por alguém que cansado de falhar justificou todos os falhanços futuros. A perfeição existe, mas pessoas fracas também. A existência de uma não impede a outra, e tu existes, apesar de não te ver. Mas sei que estás aqui, tão certo como este ar cansado de silêncio.
Há mais uma coisa que gostava de te dizer.
Adoro-te.
Estás aí ? Não sei se sabes, mas eu tenho-te escrito. Escrito no vento e no tempo, mas não sei se o vento te leva o tempo que te dou. Levou ?

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