9 de setembro de 2012

Letter V

E se ninguém me ouvir ? E se as minhas palavras mergulharem num abismo sem nunca ouvirem o nascer do sol ou cheirar as ondas do mar ? E se tudo isto nunca chegar até ti ? Tenho medo. Um medo que me engole e me afunda neste gelo que queima, mais hoje que ontem, porque a saudade aumentou e o teu vazio não passa. Tenho medo. Medo que a história não seja escrita no vento mas sim em papel. Medo que o vento leve o papel e o papel a história, e que a história se transforme em palavras e desapareça, por uma tinta que não corroeu almas e corpos e se deixou ficar guardada. Tenho medo que a tua história não viva na boca do mundo por séculos intermináveis. Não posso deixar que desapareças, não tu que tanto trouxeste de bom. Deixa que te leve pelas páginas do mundo, não na caneta mas no corpo, corre-me no sangue como corro para ti. Com quantas forças me restam. E como corro eu quando elas me falham. O meu destino és tu, independentemente do tempo que faça.. Porque o tempo és tu e para ti não há tempo. Um minuto contigo é uma eternidade mas passa num assobio, és mais rápida que a vida mas és o que lhe trazes um sentido. Um sentido tão teu que me rouba o Norte, e me guia para ti. Uma e outra vez.
E se ninguém me ouvir ? E se as minhas palavras mergulharem num abismo sem nunca ouvirem o nascer do sol ou cheirar as ondas do mar ? E se tudo isto nunca chegar até ti ? Tenho medo. Mas também te tenho a ti. E nada pode combater isso.

Alguém me ouvirá.

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