12 de setembro de 2012

Letter VI

Hoje acordei a pensar que talvez sejas um peixe. Se não perder muito tempo a pensar na insanidade em que acordo, podemos analisar que talvez sejas mesmo um peixe. Várias vezes tentei apertar-te com tanta força que se tornasse impossível para ti fugir daqui. Várias vezes te vi escorregar-me por entre as mãos e saltar com essa delicadeza que só tu transportas. Mas como podes tu ser um peixe se caminhaste por uma vida a meu lado, nesta terra em que gravei o teu nome ?
Caí na descrença de que realmente alguma coisa se possa comparar a ti, que alguma coisa possa ter o brilho que me trazes, mesmo que as noites não acabem e os dias preguiçosos se escondam de nós. Tu roubaste-me o medo do futuro. Porque o futuro tornou-se um trilião de possibilidades, mas isso não o torna bom. O que o torna bom, é que o passado foi abrilhantado por ti, em cada tarde e noite. O que importa é que o passado foi teu, manhã sobre manhã. E isso retira o peso do futuro, pois já não está encarregue de valorizar esta vida que te dou. Tu trouxeste vida. Vida a esta casa que pintaste com a cor dos teus olhos para que neles me perdesse. Com um pincel feito de vento que te agita os cabelos e traz o teu cheiro até mim. Este cheiro que se impregna na roupa, na cara, no chão. Até que te rasgue a roupa, encoste as caras e te deite no chão. Neste turbilhão de emoções que me entorpece os sentidos e me puxa para ti, como um campo magnético em que os opostos não se atraem, mas se complementam. Acho que me repito e que me perco em palavras, mas que no fundo te digo sempre o mesmo. Tenho saudades tuas. Tenho saudades minha querida. Porque é contigo que tenho que estar. Ainda sinto as tuas unhas nas costas, quando me rasgaste a carne de vícios e te injetaste em mim.

Como uma tatuagem. Diretamente na alma.

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