17 de setembro de 2012

Letter X


Estou a habituar-te mal. Mas sinceramente estou farto de gente bem habituada. Estou farto de baixas expectativas. Estou farto de "não é possível", "não acredito", "não consigo".  Estou cansado da falta de idéias, da falta de graça, de interesse. Estou farto de más idéias, tentativas falhadas, erros e falhanços. É esta a minha arrogância. Sou arrogante ao ponto de acreditar que eu sozinho poderei fazer feliz alguém como tu, mas sim, eu acredito.  E construiremos paredes, subiremos degrau a degrau,e mesmo que caiasvezes evezes, eu estarei lá para te levantar. Porque é isto que me faz correr agora. É isto que me tira da cama. É isto que me faz tirar apontamentos, ter dúvidas, interesse. É isto que me faz aplicar-me, tentar ser mais e melhor a cada momento para poder acompanhar-te nessa louca perfeição que carregas. Isto? Esta certeza de que aconteça o que acontecer, seja como for o dia, tu estarás à minha espera. À distância de uma mensagem, de uma viagem. Sei que estarás à minha espera com os músculos contraídos, prontinha a saltar para me abraçar. Como parte de ti. Parte que agora reconheço como minha. Esta certeza que por piores que as coisas corram, tu estarás comigo. E nunca será assim tão mau. Tu acalmas-me, fazes-me passar horas acordado a ver-te dormir. Tu mexes comigo. Sem te mexeres, sem me tocares, falares ou sentires. Só por seres. Só por seres o que és da forma que tu consegues sê-lo. Sem autorizações, lições ou lógicas. Contrarias todas as leis que nos possam prender ao racional. Tu não és racional. Ou, talvez, eu já não possa raciocionar perto de ti. Não com esse corpo que me fascina e desperta. Não com a maneira como falas, e a vontade que desenhas em mim de ouvir cada palavra como se fosse a última. Poderá ser ? Poderás tu ser uma passageira ilusão que beijo enquanto foge? Poderás tu ser um vislumbre de um sorriso? 
Como poderias, se tudo arde quando estamos juntos? Eu vi mundos e fundos desaparecerem só porque sorriste. Eu vi-te ao longo dos tempos, dos séculos. Eu perdi a minha idade por aí. Na espada de Napoleão, na túnica de césar. Enquanto o vento te fazia dançar nas saias do tempo. Eu perdi-me por aí. Eu esperei que passasses e deixei-me cair. Tu desenhaste-me os músculos e as ideias, tu trouxeste vida ao que não vivia. Como poderíamos nós ser de outra forma se nem forma temos? Que a bolha de ar à nossa volta não mais se desfaça, para que respires o meu oxigénio, e eu te respire a ti. Juntos, sempre juntos, na garantia que o amor ama. Mais hoje que ontem, num ciclo que me viciou, que te viciou e que nos leva. Pelos tempos que vêm ou talvez nunca cheguem. Pela certeza, a certeza da união. E pouco mais importa.
Por isso, ensina-me. Ensina-me a falar-te ao coração, ensina-me a compreender-te, ensina-me o que dizer para que não precises ouvir mais nada, ensina-me a ser o que precisas. Faz bater o meu coração cada vez mais, ao ritmo de tardes e noites desta sensual cumplicidade. Deste carinho constante, esta vontade de te dar tudo. Faz com que no silêncio que nos separa se ouça apenas o bater dos nossos corações, faz com que conheçam o som um do outro. Faz com que se habituem, se misturem, se completem. Faz com que os meus olhos brilhem, que eu perca a cabeça. Apareceste. E eu tenho que ser arrogante ao ponto de acreditar ser capaz de te manter aqui. Porque eu já não existo isto de outra forma. Muito além da compreensão, da razão ou da lógica. Algo tão nosso, tão único. É aqui que eu quero ficar. Se te pedisse que ficasses comigo, o que farias ?

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