27 de setembro de 2012

XIII

Boa noite meu amor. Venho só para saber como estás, como foi o teu dia? Venho só pela necessidade que tenho de te ouvir descrever o frio da madrugada que te acordou e como o barulho da chuva te despertou para fora da cama. Venho só para que saibas, que espero que o dia te tenha corrido bem, que tudo tenha seguido o melhor caminho. Venho só porque me preocupo contigo. Há dias em que sinto que se olhasse para trás agora, tanta coisa teria ficado em silêncio. Eu não quero olhar para silêncios, não quero que te falte uma palavra, pelo menos não uma que tu mereças. E se as mereces, tu que me fizeste escorrer tinta por páginas e cadernos numa grossa tentativa de te ver sorrir. De te roubar isso que tens de melhor, esse tesouro que ouso reclamar como meu, como só meu.
A vida ensinou-me que a vida pouco tem para nos ensinar. Se nos sentarmos a ver passar os dias aprenderemos pouco mais que nada. Agora se nos sentarmos a ver-te passar, mesmo que só por um minuto, poderemos deixar-nos ficar, atingidos por um conhecimento que não podemos suportar. Não consigo ver-te passar, não aguento mais manter-me afastado de ti. Por isso corro a beijar-te, uma última vez, todas as vezes. Não aguento ter-te longe nem por mais um segundo. Volta para mim, leva-me desta noite que me afoga nesta ausência de luz regida por um relógio que nunca corre para ti, mas dispara assim que chegas. Não gsoto de relógios, nem de saudades. Eu gosto de ti. Como sempre gostei.

Em séculos de existência, foste a melhor coisa que me aconteceu.

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